da Gafanha da Nazaré
Fernando Martins
«A
capela que servia toda a Gafanha e que se situava no lugar da Chave era muito
pequena pois tinha somente uns 20 metros de comprimento por oito de largura.
Muito antes das missas já ela se encontrava repleta e o senhor prior, algumas
vezes, tinha dificuldades em passar para abrir a porta.
O
povo da Marinha Velha era o mais sacrificado pois, no inverno, tinha de passar
maus caminhos. Mas posso dizer-lhe que o temporal não impedia que todos
comparecessem. O povo de há 50 anos [com referência ao ano da entrevista]
cumpria escrupulosamente os seus deveres religiosos e ainda me lembro de ver
homens a caminho da igreja, descalços, de calças arregaçadas e de gabão pelos
ombros.
Foi
na Marinha Velha que nasceu a ideia da nova igreja e lá se formou a comissão
que ficou assim constituída: António Ribau, Manuel Joaquim Ribau, Manuel José
Ribau, João Maria Casqueira, João Pata Novo e António Pata. O terreno foi
oferecido pelos senhores António Ribau e João Maria Casqueira.
Os
mestres foram os senhores Joaquim Conde, Lázaro Conde, Paulino Conde e José
Lopes Conde.
Não
havia dinheiro para começar as obras, mas o senhor Manuel Ribau Novo prometeu
arranjá-lo e conseguiu.
Emprestou
algum o senhor Inocêncio Esteves, pai do senhor Alfredo Esteves, este mais
conhecido do povo da Gafanha.
Para
terminar, por hoje, só lhe quero contar um pormenor que mostra os sacrifícios
que passámos e o amor e o entusiasmo com que nos entregámos à obra.
A
pedra para os alicerces vinha de Eirol e era descarregada na Cambeia (portas
d’água) pois vinha de barco e dali era transportada em carros de bois puxados
por homens. Não se admire porque nesse tempo os lavradores vendiam os bois em
janeiro e só em maio voltavam a comprá-los.»
João
Catraio, em entrevista ao “Timoneiro”
Fernando Martins
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