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A Gafanha era um deserto de areias soltas

«[A Gafanha] Era um lençol desolador de areia branca, de dúzias de quilómetros quadrados, que os braços da laguna debruavam a norte, a leste e a poente, isolando do contacto da vida a solidão árida do deserto. Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade. Brisas do mar e brisas da terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica, e rajadas violentas de sudoeste a remoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho. Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavós: deserto enorme de areia solta, a bailar, ao capricho dos ventos, o cancan selvagem de uma liberdade sem limites. Um dia, não longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventure...