sexta-feira, 7 de abril de 2017

Dar a cana e ensinar a pescar

Joana Pontes


«A essência do Grupo Cáritas da Gafanha da Nazaré é a atribuição de cabazes de produtos alimentares a pessoas carenciadas; no entanto, desenvolvemos depois outras atividades, de forma a estarmos mais abertos à comunidade.» Assim disse Joana Pontes, técnica do serviço social e presidente do Grupo Cáritas Paroquial, em entrevista que concedeu ao Timoneiro.
Neste momento, há 13 famílias que recebem outros tantos cabazes, mês após mês, até o agregado familiar conseguir a estabilidade económica que lhe permita viver autonomamente. Contudo, é sabido que na Gafanha da Nazaré não há apenas 13 famílias carenciadas, mas também é verdade que outras são acompanhadas por vários serviços existentes na paróquia.
O Grupo Cáritas trabalha em sintonia com a Rede de Apoio Social da Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), para onde são canalizados os elementos respeitantes a eventuais beneficiários. Os serviços técnicos da autarquia encarregar-se-ão de estudar caso a caso, determinando posteriormente o tempo, durante o qual cada família passará a receber o cabaz de bens alimentares. Não se julgue, porém, que a Cáritas Paroquial fica indiferente a situações de emergência, agindo em conformidade. Mas as ajudas sociais não se ficam pela distribuição de produtos alimentares, havendo casos de contributos para o pagamento de rendas, água, energia elétrica e medicamentos. Os candidatos a qualquer tipo de apoio, declarando que estão desempregados, têm de apresentar um documento comprovativo da sua inscrição no Centro de Emprego. E se não possuírem a escolaridade obrigatória, «serão incentivados a frequentar ações de formação». No fundo, procura-se que as pessoas «também trabalhem connosco», na perspetiva de se valorizarem, tornando-se autossuficientes. 
Joana Pontes esclareceu que, por escassez de tempo e de voluntários, não tem sido possível visitar regularmente cada família, mas garantiu-nos que o grupo faz o que pode, porque todos estão ocupados com as suas profissões e estudos. «Temos um grupo jeitoso de voluntários, todos jovens, mas nem sempre livres, por motivos profissionais e académicos; vamo-nos revezando…«Na altura do Natal, o Grupo Cáritas desenvolveu uma campanha na paróquia, que consistiu na recolha de alimentos. E nesta Quaresma estamos a recolher produtos de higiene, sendo que uma parte desta recolha vai para o Sudão do Sul», disse-
Sobre os apoios que o grupo recebe, a Joana adiantou que contam habitualmente com a ajuda do Banco Alimentar, com quem o grupo colabora nas campanhas de recolha de alimentos programadas por aquela organização. «Sentimos que é nossa obrigação colaborar com o Banco Alimentar», afirmou. Mas o Grupo Cáritas regista a grande ajuda que vem da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, «que permite satisfazer algumas necessidades». «A Junta tem-nos apoiado muito a nível dos cabazes; graças a isso, o Cabaz de Natal é muito mais generoso, muito mais composto», sublinhou.
Não se pense, todavia, que o Grupo Cáritas limita a sua intervenção na sociedade à distribuição de cabazes de alimentos, à identificação das famílias carenciadas e à resposta a situações de emergência social. Há, paralelamente a esse trabalho, toda uma ação de inserção e integração social de homens e mulheres, no sentido de se valorizarem e de procurarem meios de subsistência pelo trabalho. 
Joana Pontes realçou a importância do trabalho em rede, numa perspetiva de evitar apoios duplicados, «combatendo-se, deste modo, os habilidosos, que os há, que podem tornar-se subsídio-dependentes». «As pessoas têm de se convencer de que, para terem direitos, também têm de assumir deveres para com a sociedade», salientou. Compete ao Grupo Cáritas Paroquial dar o peixe, numa fase inicial, mas mais importante será «dar a cana e ensinar as pessoas a pescar», frisou a Joana. 

Fernando Martins 

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