A Alameda Prior Sardo é uma justa homenagem ao primeiro gafanhão que concluiu um curso superior e que desempenhou, nesta sua e nossa terra, um papel relevante a nível religioso, social, cultural, administrativo e até político. Uma alameda é, por definição, em resumo, uma rua ladeada de árvores. Mas, apesar de as árvores não serem assim tão expressivas, lá há de vir o tempo em que a Alameda Prior Sardo se apresente bem arborizada.
Quem vai pela Av. José Estêvão, pode entrar na Alameda junto à Pastelaria Gafapão. No seu trajeto, que se estende até à rua Gago Coutinho, o viajante encontra o monumento dedicado ao Mestre Manuel Maria Bolais Mónica e a Escola EB 2,3.
Não há dúvida de que o Prior Sardo foi figura preponderante na construção da Gafanha da Nazaré, pela sua intervenção multifacetada. Do seu empenho, nasceram a freguesia e a paróquia, em 1910, de que foi seu primeiro pároco. Antes, fora capelão, desde 1902.
Lê-se na Monografia da Paróquia, “Gafanha – N.ª S.ª da Nazaré”, que o Prior Sardo “não era alto, mas era forte”. Dotado de “uma força física extraordinária”, era “muito ativo” e tinha muita “paciência”. Também se dizia que era muito “genicoso”, a par de grande pregador. “Num sermão, chorava mais do que uma criança”, acrescentava-se. Além disso, tinha uma empresa de bacalhau, de que era gerente, e foi político, exercendo o cargo de vice-presidente da Câmara de Ílhavo. Chegou, inclusive, a ser presidente interino, durante dois períodos, como adiante se especifica. E quem hoje circula pela estrada velha que ligava a capela da Chave [primeira matriz] à ponte de Ílhavo, na Gafanha de Aquém, atravessando a que é, presentemente, a Av. José Estêvão, talvez nem saiba que esse melhoramento se deve ao Prior Sardo, obra que reclamou muito antes de exercer o cargo de vice-presidente da autarquia. Foi durante o desempenho do cargo de Presidente da Câmara de Ílhavo, lugar que ocupou, interinamente, durante dois períodos (entre 27 de Março de 1909 e 2 de Janeiro de 1910; e entre 4 de Julho de 1910 e 4 de Setembro), que se procedeu ao pagamento das despesas da referida estrada. Depois, dinamizou o processo da construção da igreja Matriz, que foi inaugurada em 1912, tendo falecido em 20 de Dezembro de 1925, com apenas 52 anos de idade.
Entretanto, o Padre Vieira Rezende, referido noutros contextos, sublinha, na sua “Monografia da Gafanha”, o zelo com que o Prior Sardo desempenhou o seu múnus sacerdotal, transcrevendo uma lapidar informação do nosso primeiro prior: “O asseio que hoje já se nota nas habitações da Gafanha tem alguma coisa de instrutivo. É o resultado das persistentes insinuações da limpeza que eu sempre prego, quer nas homilias, quer no confessionário, e que é em parte complementar do asseio que desejo e quero nas almas.”
Fernando Martins
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