Um pouco das suas estórias
A Ponte da Cambeia era, na minha infância, o centro de muita vida. Ali esperávamos os barcos mercantéis que traziam, das feiras de Aveiro e da Vista Alegre, as mercadorias adquiridas pelos gafanhões. Eram entregues ao barqueiro, com sinais identificativos, e na hora combinada, conforme a maré, eram esperadas pelos seus donos. Nesta ponte e noutros locais das Gafanhas. Quando havia atraso, os barqueiros deixavam-nas ali mesmo, na certeza de que não haveria ladrões. Cheguei a ver porquitos de patas atadas para não fugirem.
Na ponte, pudemos assistir a manobras arriscadas, em dias de temporal, com os homens do leme a orientarem as embarcações, com rigor, velas arriadas, para passarem sem perigo. Nadava-se, conversava-se, atiravam-se piadas aos barqueiros, com perguntas ingénuas e algumas vezes maldosas: «Quem é o macaco que vai ao leme?»
Recordo-me bem da pesca do safio e do polvo. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se na toca onde se refugiavam e esperava-se que atacassem o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que eles oferecia enorme resistência.
Com estas lembranças, como não hei de ter pena de a Ponte da Cambeia ter morrido sem glória?
Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se parecesse. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré.
Recordo-me bem da pesca do safio e do polvo. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se na toca onde se refugiavam e esperava-se que atacassem o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que eles oferecia enorme resistência.
Com estas lembranças, como não hei de ter pena de a Ponte da Cambeia ter morrido sem glória?
Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se parecesse. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré.
Fernando Martins
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