Banda na festa da Senhora dos Navegantes |
Música Velha na Festa da Senhora dos Navegantes |
Jovens executantes |
As direções das duas instituições da Gafanha da Nazaré vocacionadas para o ensino da música, concretamente a Filarmónica Gafanhense e a Escola de Música Gafanhense, decidiram, de comum acordo, juntar-se, predominando o nome da primeira, que perfaz, no próximo dia 23 de outubro, 180 anos de existência. Nesse dia, a Filarmónica apresentará, num concerto a realizar no Centro Cultural, o novo fardamento que importará em 15 mil euros. Estas informações foram-nos reveladas pelo presidente da direção da Música Velha, como também é conhecida a Filarmónica Gafanhense, Paulo Miranda, que pretende imprimir à banda um novo ciclo.
Paulo Miranda considera a Casa da Música, em reconstrução e adaptação pela Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), uma mais-valia para a banda, já que o novo espaço oferecerá melhores condições para o ensaio da filarmónica e para o ensino da música e execução dos diversos instrumentos, não faltando salas para os arquivos e exposição do espólio da instituição, incluindo a sua história, recortes de jornais e outra literatura alusiva à filarmónica, bem como velhos instrumentos musicais, fardas de outras épocas e tudo o que ainda possa vir a ser recolhido.
O presidente da associação mais antiga do nosso concelho revelou ao “Timoneiro” que, quanto a concertos e participação em festas, «o ano está bem preenchido», com saídas sobretudo aos fins de semana, em especial para o Norte do país, região «mais católica de Portugal». Sendo conhecido que nas festas populares os mordomos se voltam mais para os conjuntos musicais, a verdade é que, nas procissões e missas, as bandas continuam presentes, havendo concertos em alguns casos.
Paulo Miranda adiantou que os contratos com as mordomias ficam marcados, em várias situações, com um ano de antecedência, como aconteceu recentemente. A Filarmónica Gafanhense, que atuou na Festa de Nossa Senhora do Carmo, em Aveiro, já registou, na sua agenda, a participação nas festas do próximo ano.
O orçamento anual da Música Velha ronda os 50 mil euros, o que leva a direção a desenvolver ações no sentido de angariar fundos para poder pagar ao maestro, Paulo Margaça, professor no conservatório, aos professores e a músicos, mas também para poder adquirir instrumentos para os executantes, já que a renovação é uma constante. Os instrumentos são caros, rondando os dois, três ou quatro mil euros, ou mais, conforme a qualidade dos mesmos.
O presidente sublinhou a importância do protocolo que a CMI estabeleceu com a banda, a qual recebeu, este ano, 10 mil euros da autarquia, ficando acordado que a Filarmónica tem de participar em eventos, a solicitação da câmara. Assim tem sido no feriado municipal e no Festival do Bacalhau. Contudo, os rendimentos da banda vêm da participação em festas religiosas, de concertos e festas que organiza, como recentemente aconteceu com o “Porco no Espeto” e com os “Santos Populares”, programada, esta última, em substituição do arraial da festa de S. Pedro, padroeiro da igreja da Cale da Vila, que este ano não se realizou. O rendimento líquido dos “Santos Populares” foi de 2300 euros, garantiu-nos.
Paulo Miranda fez questão de lembrar que a Junta de Freguesia, mesmo sem protocolos assinados, não deixa de apoiar, mostrando-se atenta às despesas e dificuldades da Filarmónica Gafanhense.
Para além das iniciativas já levadas a cabo, a Música Velha vai apostar em tornar-se mais visível junto das populações, estando assente visitar as escolas, provavelmente no princípio do próximo ano letivo, para que os alunos fiquem a conhecer esta instituição. «Tudo será conjugado com os professores de música», tendo como objetivo fundamental «angariar alunos para a nossa Escola de Música». E acrescentou: «Queremos cada ano admitir pelo menos cinco alunos na banda.»
Sobre a contratação de músicos para certas atuações, o presidente da direção esclareceu que, em determinadas épocas do ano, há executantes que adoecem ou têm compromissos com as empresas em que trabalham, pelo que se torna imperioso contratar alguns. E adiantou que há mordomias que exigem bandas com 50 músicos, por exemplo, mas também acontece que a direção sente necessidade de apresentar a filarmónica com bastantes executantes e bem afinados, sobretudo para se impor no mercado das contratações.
O presidente Paulo Miranda frisou que as filarmónicas são, muitas vezes, os primeiros passos para carreiras musicais de nível superior. Há músicos que passam a frequentar os conservatórios, tornando-se executantes, professores e maestros de sucesso, no país e no estrangeiro.
Fernando Martins
Notas:
1. Fotos dos meus arquivos;
2. Entrevista publicada no jornal Timoneiro.
Notas:
1. Fotos dos meus arquivos;
2. Entrevista publicada no jornal Timoneiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário