segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Filarmónica Gafanhense em festa

Filarmónica Gafanhense aposta num ciclo novo 
nas celebrações dos 180 anos da sua existência


Paulo Miranda

Banda na festa da Senhora dos Navegantes
Música Velha na Festa da Senhora dos Navegantes
Jovens executantes
As direções das duas instituições da Gafanha da Nazaré vocacionadas para o ensino da música, concretamente a Filarmónica Gafanhense e a Escola de Música Gafanhense, decidiram, de comum acordo, juntar-se, predominando o nome da primeira, que perfaz, no próximo dia 23 de outubro, 180 anos de existência. Nesse dia, a Filarmónica apresentará, num concerto a realizar no Centro Cultural, o novo fardamento que importará em 15 mil euros. Estas informações foram-nos reveladas pelo presidente da direção da Música Velha, como também é conhecida a Filarmónica Gafanhense, Paulo Miranda, que pretende imprimir à banda um novo ciclo.
Paulo Miranda considera a Casa da Música, em reconstrução e adaptação pela Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), uma mais-valia para a banda, já que o novo espaço oferecerá melhores condições para o ensaio da filarmónica e para o ensino da música e execução dos diversos instrumentos, não faltando salas para os arquivos e exposição do espólio da instituição, incluindo a sua história, recortes de jornais e outra literatura alusiva à filarmónica, bem como velhos instrumentos musicais, fardas de outras épocas e tudo o que ainda possa vir a ser recolhido.
O presidente da associação mais antiga do nosso concelho revelou ao “Timoneiro” que, quanto a concertos e participação em festas, «o ano está bem preenchido», com saídas sobretudo aos fins de semana, em especial para o Norte do país, região «mais católica de Portugal». Sendo conhecido que nas festas populares os mordomos se voltam mais para os conjuntos musicais, a verdade é que, nas procissões e missas, as bandas continuam presentes, havendo concertos em alguns casos. 
Paulo Miranda adiantou que os contratos com as mordomias ficam marcados, em várias situações, com um ano de antecedência, como aconteceu recentemente. A Filarmónica Gafanhense, que atuou na Festa de Nossa Senhora do Carmo, em Aveiro, já registou, na sua agenda, a participação nas festas do próximo ano.
O orçamento anual da Música Velha ronda os 50 mil euros, o que leva a direção a desenvolver ações no sentido de angariar fundos para poder pagar ao maestro, Paulo Margaça, professor no conservatório, aos professores e a músicos, mas também para poder adquirir instrumentos para os executantes, já que a renovação é uma constante. Os instrumentos são caros, rondando os dois, três ou quatro mil euros, ou mais, conforme a qualidade dos mesmos.
O presidente sublinhou a importância do protocolo que a CMI estabeleceu com a banda, a qual recebeu, este ano, 10 mil euros da autarquia, ficando acordado que a Filarmónica tem de participar em eventos, a solicitação da câmara. Assim tem sido no feriado municipal e no Festival do Bacalhau. Contudo, os rendimentos da banda vêm da participação em festas religiosas, de concertos e festas que organiza, como recentemente aconteceu com o “Porco no Espeto” e com os “Santos Populares”, programada, esta última, em substituição do arraial da festa de S. Pedro, padroeiro da igreja da Cale da Vila, que este ano não se realizou. O rendimento líquido dos “Santos Populares” foi de 2300 euros, garantiu-nos.
Paulo Miranda fez questão de lembrar que a Junta de Freguesia, mesmo sem protocolos assinados, não deixa de apoiar, mostrando-se atenta às despesas e dificuldades da Filarmónica Gafanhense.
Para além das iniciativas já levadas a cabo, a Música Velha vai apostar em tornar-se mais visível junto das populações, estando assente visitar as escolas, provavelmente no princípio do próximo ano letivo, para que os alunos fiquem a conhecer esta instituição. «Tudo será conjugado com os professores de música», tendo como objetivo fundamental «angariar alunos para a nossa Escola de Música». E acrescentou: «Queremos cada ano admitir pelo menos cinco alunos na banda.»
Sobre a contratação de músicos para certas atuações, o presidente da direção esclareceu que, em determinadas épocas do ano, há executantes que adoecem ou têm compromissos com as empresas em que trabalham, pelo que se torna imperioso contratar alguns. E adiantou que há mordomias que exigem bandas com 50 músicos, por exemplo, mas também acontece que a direção sente necessidade de apresentar a filarmónica com bastantes executantes e bem afinados, sobretudo para se impor no mercado das contratações. 
O presidente Paulo Miranda frisou que as filarmónicas são, muitas vezes, os primeiros passos para carreiras musicais de nível superior. Há músicos que passam a frequentar os conservatórios, tornando-se executantes, professores e maestros de sucesso, no país e no estrangeiro. 

Fernando Martins

Notas:
1. Fotos dos meus arquivos;
2. Entrevista publicada no jornal Timoneiro.

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