sexta-feira, 28 de julho de 2023

Azul e verde que me cercam

Moro numa rua com grande movimento de veículos motorizados em certas horas do dia. Barulhenta, portanto. Contudo, dentro de casa  não sou muito incomodado. E quando deambulo pelo meu quintal estou num paraíso. Árvores de fruto, em que sobressaem as laranjeiras, relvas, pinhal e galinhas à solta a comer a bicharada, mas ainda os gatos que não perdoam aos ratos quando estes se distraem. O ar por aqui é puro, obviamente.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Universidade Sénior atribuiu troféus

Para memória futura 

Na sexta-feira, 29, à noite, no Centro Cultural de Ílhavo, realizou-se a I Gala da Fundação Prior Sardo (FPS), com momentos especiais de alegria. Para além da música, a Gala distinguiu pessoas e instituições do concelho de Ílhavo que, pelas suas capacidades e intervenções, merecem ser apontadas como exemplos a seguir.
Os troféus, pela primeira vez atribuídos pela FPS, foram para João dos Santos Pires (Empresário), Domingos Lopes (Educação e Formação), Atendimento Social Integrado da Câmara Municipal de Ílhavo (Inovação) e Ana Maria Lopes (Mar e Ria). 
João dos Santos Pires veio de tenra idade para a Gafanha da Nazaré e aqui se radicou, tendo crescido em idade e em capacidade de trabalho. Passou pelos Estaleiros Mónica e João Maria Vilarinho, para além de outras empresas e instituições. Criou a sua própria empresa, tendo-se caracterizado pela sua honestidade e generosidade, com ajudas dirigidas a instituições desportivas e de bem-fazer. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Dar a cana e ensinar a pescar

Joana Pontes


«A essência do Grupo Cáritas da Gafanha da Nazaré é a atribuição de cabazes de produtos alimentares a pessoas carenciadas; no entanto, desenvolvemos depois outras atividades, de forma a estarmos mais abertos à comunidade.» Assim disse Joana Pontes, técnica do serviço social e presidente do Grupo Cáritas Paroquial, em entrevista que concedeu ao Timoneiro.
Neste momento, há 13 famílias que recebem outros tantos cabazes, mês após mês, até o agregado familiar conseguir a estabilidade económica que lhe permita viver autonomamente. Contudo, é sabido que na Gafanha da Nazaré não há apenas 13 famílias carenciadas, mas também é verdade que outras são acompanhadas por vários serviços existentes na paróquia.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Fundação Prior Sardo: Drogas lícitas e ilícitas

Para memória futura:
Reportagem publicada no 
jornal Solidariedade, em 2009


Neste Verão [2009], até Setembro, a Fundação Prior Sardo (FPS), da Gafanha da Nazaré, está a desenvolver ações de prevenção contra as drogas lícitas e ilícitas, nos bares e noutros espaços noturnos da Praia da Barra. Aos fins de semana, a começar em Julho, uma equipa, constituída por uma técnica do serviço social, uma psicóloga e uma animadora sociocultural, vai tentar criar empatia com os jovens, distribuindo porta-chaves, autocolantes, crachás, espelhos, T-shirts e esferográficas, entre outros brindes, todos portadores de mensagens preventivas da toxicodependência. 
Fuma-(+Curte), Liberta-te+(-bebe) e previne.tua.vida… atreves-te? vão ser mensagens inseridas nas T-Shirts, em folhetos e nos brindes, desafiadoras e estimulantes para o diálogo entre os membros da equipa e os jovens frequentadores dos cafés e bares, apostando em alternativas de diversões mais saudáveis. 
A equipa, tão jovem como muitos jovens frequentadores da “noite”, vai mostrar que a diversão é possível e até aconselhável sem álcool, tabaco e demais drogas, substâncias altamente perigosas para a saúde. Ainda tentará propor bebidas, mais refrescantes, sem álcool, preparadas na hora pela própria equipa, que conta com o apoio dos proprietários dos bares, que aceitaram colaborar com este desafio da FPS. 
A ideia destas ações surge como resposta ao desafio lançado pelo último diagnóstico territorial do concelho de Ílhavo, que sugere a necessidade de intervir nas áreas da prevenção e da reinserção social, junto dos adolescentes e jovens. Nessa linha, nascem dois projectos, “previne.tua.vida” e “segue.com.vida”, que suportam o trabalho em curso no Município de Ílhavo. 
A Praia da Barra, na Gafanha da Nazaré, com vida noturna mais intensa, foi escolhida para uma intervenção mais direta e mais personalizada durante o Verão. 
Todo o trabalho é feito, aliás, em sintonia com o PORI (Plano Operacional de Respostas Integradas), do IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência), que financia a Fundação, neste sector.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Pela Positiva

Para Memória Futura
Texto publicado no Correio do Vouga 
em 9 de janeiro de 2008


Sítios e Blogs – http//www.pela-positiva.blogspot.com/

Para iniciar esta rubrica na parte dos blogs, não poderia deixar de vos presentear com um dos melhores blogs escrito por Aveirenses. É um projecto muito interessante e deveras tentador, no sentido de que nos obriga a passar por lá todos os dias, dada a sua actualização permanente com conteúdos abrangentes e escritos pela “mão” do autor, não se limitando a copiar textos que encontra pela blogosfera, sendo este um dos requisitos que considero essênciais para a consistência e solidez de um blog. O blog do professor e diácono da nossa diocese Fernando Martins é seguramente disso exemplo. Como ele próprio afirma, o “PELA POSITIVA vai continuar a apostar, numa actualização permanente, à medida das minhas forças. O respeito pela linha definida desde a primeira hora será sempre seguido”. Posso assegurar-vos que efectivamente é verdade, dado que acompanho este projecto já há alguns anos e é claramente uma das minhas paragens habituais, quando navego pela blogosfera.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Obra da Providência

PARA MEMÓRIA FUTURA

Entrevista publicada no jornal Solidariedade em 2005

Eduardo Arvins

O voluntariado molda a nossa forma
de ser e de estar na vida

"O voluntariado molda a nossa forma de ser e de estar na vida", sublinhou Eduardo Arvins, presidente da direcção da Obra da Providência da Gafanha da Nazaré, uma IPSS que está atenta às carências da comunidade, há mais de meio século. As fundadoras, Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira, que deram os primeiros passos para a criação desta instituição em 1953, deixaram há dois meses a sua liderança, legando a quem as substituiu, como herança fundamental, o espírito de serviço a quem mais precisa.
Em entrevista ao SOLIDARIEDADE, o novo presidente da direcção da Obra da Providência fez questão de realçar que "os carismas das fundadoras" sempre o marcaram, por serem pessoas que se deram à comunidade, merecendo, por isso, "o carinho de toda a gente". "O seu testemunho é algo que queremos cultivar e perpetuar", adiantou.
Considerando que o convite que lhe foi dirigido para presidir à instituição social mais antiga da Gafanha da Nazaré o surpreendeu, não deixou de reconhecer que está a viver um desafio que não ocupava os seus horizontes, mas também acredita que "as coisas não acontecem por acaso". Nessa linha, admite que esse desafio foi motivo para reflectir sobre a importância do voluntariado e da solidariedade na sociedade.
Agora, e depois de uns tempos de conhecimento da Obra da Providência, mormente dos seus objectivos e ideário, dos contactos com as profissionais, algumas das quais estão ao serviço da instituição há cerca de 30 anos, e da adaptação às realidades quotidianas de todos os sectores, Eduardo Arvins entende que, quem quer servir os que mais precisam, tem de "estar sempre a olhar à sua volta, para descobrir as necessidades da comunidade".
A Obra da Providência nasceu, fundamentalmente, para prestar apoio a mulheres e raparigas em perigo moral, trabalho que desenvolveu, em ambiente familiar, até à revolução dos cravos, em 1974. Nessa altura, os serviços estatais fizeram saber à direcção da instituição que "os acontecimentos políticos confirmam que entramos noutra era em que a proliferação de pequenas iniciativas sem viabilidade vai terminar para dar lugar às acções programadas para a maior rentabilidade social", conforme regista a história da Obra.
Porque estas orientações das políticas sociais saídas do 25 de Abril não se coadunavam com os princípios orientadores da instituição, as fundadoras não esmoreceram, iniciando-se, de imediato, a procura de respostas a necessidades emergentes na freguesia. A partir daí, as mulheres assumiram mais empregos fora de casa, pelo que os seus filhos passaram a precisar de quem deles cuidasse. Como consequência disso, um Centro Infantil entrou em funcionamento logo em Outubro de 1975.
Eduardo Arvins e a sua equipa estão agora empenhados em descobrir novas necessidades dentro da área em que a Obra da Providência se insere e que é, primeiramente, a Gafanha da Nazaré, embora possa alargar-se a outras zonas, já que é tutelada pela Diocese de Aveiro. As valência actuais (Creche, Jardim-de-Infância, ATL e Centro de Convívio Sénior) vão continuar, "porque a realidade é a mesma no sector da infância", sendo justo sublinhar que "estão todas a dar respostas de muita qualidade", adiantou-nos o presidente da direcção.
Há, no entanto, uma valência mais recente, o Centro de Convívio Sénior, que vai ser mais dinamizado. A esperança de vida vai aumentando, "o que é muito bom", mas também é sabido que se torna urgente ajudar "os idosos a viverem com mais qualidade". Assim, a direcção quer que as pessoas, "depois da sua reforma, não esmoreçam, mas se abram a novos horizontes, convivendo umas com as outras e enfrentando novos desafios". No Centro, "há idosas que vão descobrindo capacidades pessoais, enquanto desenvolvem tarefas que nunca tinham experimentado nas suas vidas", disse ao SOLIDARIEDADE Eduardo Arvins.
Como os espaços ocupados pelo Centro de Convívio Sénior já não são suficientes, a instituição está à espera da cedência de um terreno anexo à sede da instituição pela Câmara Municipal de Ílhavo, já prometido, para aí se construírem instalações condignas, que proporcionem acções mais eficazes e mais dinâmicas, com e para gente menos jovem.
O presidente da Obra da Providência garantiu-nos, ainda, que se torna premente implementar o voluntariado na instituição, embora reconheça que o povo português é por natureza solidário. "Se olharmos à nossa volta, notaremos que há imensas oportunidades para muitas outras pessoas trabalharem como voluntárias; o serviço social é um campo onde ninguém fica de fora, porque há lugar para todos", disse.

Duas vidas ao serviço dos que mais precisam


Rosa Bela e Maria da Luz Rocha
Rosa Bela Vieira e Maria da Luz Rocha Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira, vicentinas desde 1952, são exemplo de testemunho cristão, na forma como se dão aos que mais precisam. Na Gafanha da Nazaré e arredores, não há quem não admire o seu labor diário na ajuda aos mais pobres, na procura de soluções para problemas familiares, no auxílio a doentes, no apoio a marginalizados. 
Ainda hoje, com a idade e alguns incómodos de saúde a dificultarem-lhes a acção, estas duas MULHERES (Com letras maiúsculas, como se vê) não deixam de visitar quem precisa das suas palavras amigas e encorajadoras, dos seus conselhos e conhecimentos oportunos e das suas sugestões, para que se descubram as melhores respostas aos problemas encontrados.
Inspiradas pelo espírito vicentino, que abraçaram como poucos, em 1953 iniciaram na Gafanha da Nazaré a ajuda a raparigas em perigo moral, a mães solteiras marginalizadas pelas famílias e a mulheres marcadas pelo estigma da prostituição. Nasce assim uma instituição que procura, em ambiente acolhedor, ser família de quem não tinha família, recebendo mulheres e seus filhos pequenos. 
Devidamente acompanhas pelas fundadoras e por muitos outros voluntários, as mulheres e raparigas eram envolvidas por todo um espírito de família, de trabalho, de convívio e de amor. Dali saíam casadas, com empregos e com coragem para enfrentarem a vida, todas elas ficando gratas à instituição que lhes deu a mão.
Mesmo depois de a Obra da Providência se voltar para outras carências da comunidade, Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira nunca deixaram de olhar para as raparigas e mulheres em perigo moral. Mas se já não as podem acolher e ajudar no dia-a-dia, por falta de espaços e de meios, ainda sabem muito bem encaminhá-las para outras instituições mais vocacionadas para este serviço social.

Fernando Martins

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

João Álvaro Ramos — Organista há 50 anos

A Gafanha da Nazaré está cheia 
de muitos e bons músicos
À espera da hora de encher a igreja de melodias

Na hora de tocar

No momento do café
João Álvaro Teixeira da Rocha Ramos, 65 anos, casado com Maria Ondina, tem dois filhos e dois netos, é engenheiro eletrotécnico aposentado e organista há 50 anos, fundamentalmente na paróquia da Gafanha da Nazaré.
Começou muito cedo a gostar da música. Acompanhava regularmente sua mãe e tias, respetivamente, Dona Vitória, Menina Aurélia (como era tratada com carinho) e Dona Maria, as conhecidas Caçoilas, ao terço e à missa. Eram pessoas muito devotas e sempre participavam nos grupos corais.
Quando terminou o Ensino Primário, o João Ramos ingressou no seminário, tendo frequentado as aulas em Calvão e em Aveiro, durante quatro anos. Aí recebeu lições de música dos padres Redondo, Arménio e Valdemar, mas foram os dois primeiros os que mais o marcaram. O padre Redondo, porém, foi o mais importante até porque era organista nas missas solenes, em latim, que se celebravam na igreja matriz da Gafanha da Nazaré, cujo coral era ensaiado e dirigido pelo mestre Manuel Maria da Rocha Fernandes Júnior — o senhor Rocha.
Aprendeu solfejo e começou a tocar por música, mas com o decorrer dos anos reconhece que tem bom ouvido para não precisar da pauta. Tantos anos a tocar deram-lhe esse dom de se sentar ao órgão e começar logo, afinado, nos tons precisos, para os corais, por esta forma, louvarem a Deus com lindíssimas melodias.
Evoca, decerto com saudades, algumas pessoas de quem foi mais próximo nesta sua colaboração na paróquia. Para além do padre Redondo e do senhor Rocha, a sua mãe e tias, as Crisantas (duas irmãs), A Dona Arminda Ribau, a Dona Arminda Gandarinho e o senhor José Elviro, com voz de baixo, entre muitos outros. Recorda os Tríduos e festas com missas cantadas, sublinhando o empenho de todos os participantes.
O João Ramos, com tantos anos de organista, praticamente só precisa do treino próprio dos ensaios para acertar os cânticos, que o resto já ele sabe de cor. Mas não se julgue que ele somente tocou e toca órgão na igreja matriz, pois já colaborou com os corais da Sé de Aveiro e da igreja da Chave.
Sobre os músicos que mais aprecia, o João Álvaro Ramos diz que gosta muito de Mozart, mas a sua preferência vai fundamentalmente para Bach. «A música de Bach é a que mais nos aproxima do divino; a música traduz sentimentos sobrenaturais, enquanto nos eleva; Bach atingiu o expoente mais elevado.» E quanto a organistas, realça: «o que mais gosto de ouvir tocar Bach, neste momento, é o alemão Hans Andre Stamm; passo horas a ouvi-lo em casa».
Sublinha que a música faz parte da sua vida, «ora como executante, ora como ouvinte». Reforça a ideia da importância das artes musicais, dizendo que «a vida é música», e acrescenta: «A música é a arte de produzir sons agradáveis ao ouvido, mas há por aí tanta desagradável...»
Garante que é necessário ter uma certa inclinação para executar qualquer instrumento, mas adianta que é preciso treinar muito. «É fundamental a prática diária de várias horas e ter um certo dom, mas 99 por cento é suor.» E diz que «a mesma música tocada em dias diferentes para públicos diferentes também é diferente, conforme a inspiração do executante na altura».
João Álvaro sublinha que a Gafanha da Nazaré está cheia de muitos e bons músicos e diz que no coral em que é organista há a preocupação de respeitar as normas litúrgicas.
Não se julgue, porém, que o João Álvaro Ramos ficou apenas pela música litúrgica. Não, ele teve e ainda tem uma vida cheia de música. Participou em grupos que atuaram na Mini-Feira Popular organizada pelo Padre Miguel Lencastre, na década de 70 do século passado, com o sentido de aproximar os paroquianos dos diversos lugares. Foi um dos fundadores do grupo “Pop-Men” nos anos de 1966/67, atuou numa Tuna na Gafanha da Nazaré que «morreu ao nascer», e presentemente faz parte no grupo de Fados de Coimbra, onde pontificam, para além do João, os irmãos Serafins (José Maria e Manuel) e o Rogério Fernandes, entre outros. Uns saem por motivos pessoais enquanto entram outros, sobretudo para cantar.
Enquanto professor, o João Álvaro, que passou por Albergaria, Estarreja, Gafanha, Aveiro e Vila Pouca de Aguiar, fez questão de se envolver na música. E sobre os seus antepassados, diz que o seu avô Ramos tocava flauta, instrumento que ainda conserva em sua casa com muito carinho, havendo também músicos do lado dos Teixeiras. E em casa, com os seus irmãos, quando eram mais novos, até tocavam jazz.
Gosta do cavaquinho e com amigos (Manuel Correia e Eneida, Odete, Lisete, Custódia, João Roque e esposa), em bons convívios, tocam «umas cavacadas».
Fernando Martins

Nota: Entrevista para o jornal Timoneiro

Meninas na Praia da Barra

Foto de meninas na Praia da Barra em 1958. Não imagino a estação do ano. Talvez nos  princípios  do Verão. Estariam  de passagem? Sei que er...