quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Modelismo Náutico no Centro Cultural

João Loureiro e Paulo Agra

"Se nos abrissem o peito, 
encontrariam lá dentro 
um barquinho à vela"

D. João Evangelista

Diz D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, de forma poética mas cheia de verdade, que «somos feitos, dos pés à cabeça, de Ria, de barcos, de remos, de redes, de velas, de montinhos de sal e areia, até de naufrágios. Se nos abrissem o peito, encontrariam lá dentro um barquinho à vela, ou então uma boia ou uma fateixa, ou então a Senhora dos Navegantes». É por isso que nós, os da beira ria, gostamos tanto de barcos e barquinhos, da ria serena e das ondas do nosso mar, que nos embalam desde que nascemos. Também por isso, não perdemos exposições relacionadas com temas lagunares e marítimos. 
No Centro Cultural da Gafanha da Nazaré está patente, até 31 de dezembro, uma exposição com modelos de navios e outras embarcações, organizada pela associação TEAM (Truques & Engenhocas Associação de Modelismo), com sede na nossa cidade.
Logo à entrada, o visitante depara-se com o primeiro Prémio de Modelismo, atribuído por um júri, cujo vencedor foi João Loureiro, com o modelo Gazela Primeiro. E até ao fim da exposição, os visitantes terão oportunidade de votar no modelo da sua preferência, fundamentalmente para se saber se há empatia com a decisão do júri.

domingo, 15 de novembro de 2015

Grupo de Dança Pestinhas

23 anos ao serviço da dança, 
da cultura e da ocupação de tempos livres


O Grupo de Dança Pestinhas, da Gafanha da Nazaré, fundado há 23 anos, nasceu de um sonho de Helena Manuela, porque gostava de dançar e achava que faltava uma instituição desta natureza na nossa terra. Do sonho, saltou para a realidade com «oito miúdas, entre os cinco e os 18 anos, numa garagem, com música gravada em cassete». E a primeira atuação, diz-nos a fundadora e diretora, foi numa festa da catequese. Na altura, recorda, «o grupo apresentou uma dança aeróbica, com ritmo usual há 23 anos».

Helena Manuela desfia recordações com o entusiasmo de quem sente com alma esses tempos da fundação, frisando que «os aplausos da primeira participação foram tantos que nos estimularam a continuar». Até hoje, salienta.

Começou com meninas, mas de vez em quando têm surgido alguns meninos que, entretanto, desistem, porventura por não se sentirem tão à vontade. O grupo começa a evoluir e as atuações tornam-se mais frequentes, sobretudo nas festas populares da Gafanha da Nazaré e terras vizinhas, sendo notório o apoio das populações, com aplausos que «nos entusiasmam a continuar». 

sábado, 14 de novembro de 2015

Comunidade da Chave e o gosto de servir

Deolinda Costa Ramos, 
uma responsável pela Igreja da Chave


Deolinda Costa Ramos, casada com Carlos Alberto Ramos, duas filhas e uma neta, é uma dedicada colaboradora da Igreja na Gafanha da Nazaré, mais concretamente na comunidade da Chave, assumindo tarefas com responsabilidade. 
Veio em menina para a nossa terra depois de concluir a 4.ª classe em Antime, Fafe, e quando chegou entrou no mundo laboral, numa época em que não se contestava o trabalho infantil. Radicada na Chave, ali sempre a conhecemos como pessoa disponível e atenta à vida da Igreja e suas necessidades, nunca virando a cara às tarefas que importa fazer, sempre com um sorriso no rosto.
Deolinda não aceita protagonismos, lembrando constantemente, durante a conversa que mantivemos com ela, que faz parte de um grupo em que a entreajuda é a mola-real da comunidade católica.
Sublinha que há três grupos com a tarefa de cuidar da limpeza, asseio e ornamentação do templo, sendo ela apenas a responsável por um deles. Mas na preparação para a Eucaristia, todos os sábados às 17 horas, a Deolinda escolhe os cânticos adequados aos tempos litúrgicos, dirigindo o pequeno grupo coral com o Manuel Serafim ao órgão. E disse que antes da missa há a reza do terço, pelo que tem de abrir a porta da igreja às 16 horas.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Forte Novo ou Castelo da Gafanha

 Um pouco de história

Forte Novo

Temos da convir que um qualquer motivo de interesse turístico ganha ou perde conforme o concelho a que pertence ou não pertence. Assim acontece com o Forte da Barra de Aveiro, localizado na ilha da Mó do Meio, Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, considerado imóvel de interesse público pelo Decreto - Lei n.º 735/74 de 21 de Dezembro, e muito esquecido dos roteiros postos à disposição de quantos visitam esta encantadora região. Integrado num outro enquadramento turístico, talvez fosse mais lembrado pelos que têm responsabilidades no sector. É certo que o estado de algum abandono a que foi votado muito tem contribuído para que dali se desviem os mais sensíveis a tudo quanto de algum modo faça recordar o nosso passado, muito embora se reconheça que o Forte da Barra não terá sido grande baluarte de defesa da foz do Vouga e desta zona ribeirinha.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Ponte da Cambeia

Um pouco das suas estórias
A minha família 

A Ponte da Cambeia era, na minha infância, o centro de muita vida. Ali esperávamos os barcos mercantéis que traziam, das feiras de Aveiro e da Vista Alegre, as mercadorias adquiridas pelos gafanhões. Eram entregues ao barqueiro, com sinais identificativos, e na hora combinada, conforme a maré, eram esperadas pelos seus donos. Nesta ponte e noutros locais das Gafanhas. Quando havia atraso, os barqueiros deixavam-nas ali mesmo, na certeza de que não haveria ladrões. Cheguei a ver porquitos de patas atadas para não fugirem.
Na ponte, pudemos assistir a manobras arriscadas, em dias de temporal, com os homens do leme a orientarem as embarcações, com rigor, velas arriadas, para passarem sem perigo. Nadava-se, conversava-se, atiravam-se piadas aos barqueiros, com perguntas ingénuas e algumas vezes maldosas: «Quem é o macaco que vai ao leme?»
Recordo-me bem da pesca do safio e do polvo. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se na toca onde se refugiavam e esperava-se que atacassem o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que eles oferecia enorme resistência.
Com estas lembranças, como não hei de ter pena de a Ponte da Cambeia ter morrido sem glória?
Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se parecesse. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Uma visita ao Lar Nossa Senhora da Nazaré

Ermelinda Garcez e Adelaide Calado 
são exemplo para todos nós

Ermelinda, Adelaide e Fernando Martins
Ermelinda Garcez e Adelaide Calado participaram e animaram a Eucaristia na sexta-feira, 25 de setembro, dia em que visitámos o Lar. Vimos como cantavam, como liam os textos sagrados e como distribuíam água aos participantes idosos ou doentes depois da comunhão, «porque alguns têm dificuldade em engolir a hóstia consagrada», disseram-nos. Depois encaminharam os utentes para as salas de convívio e respondiam às suas questões ou desejos, com palavras ternas para todos.
A celebração foi presidida pelo Padre João Sarrico, atual capelão do Lar Nossa Senhora da Nazaré e vigário paroquial das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. Depois da missa, foi distribuir a comunhão aos acamados e no final confidenciou-nos que gosta do trabalho que aceitou fazer, tal como gosta de estar e falar com as pessoas. «Toda a vida fui pároco», disse. E acrescentou que, com esta missão, «acaba por dar o seu próprio testemunho», reconhecendo que há utentes mais novos do que ele, embora doentes ou incapacitados.

domingo, 11 de outubro de 2015

Rua Júlio Dinis - Gafanha da Nazaré

Um primo do escritor tinha na GAFANHA
uma elegante propriedade rural

A homenagem ao escritor Júlio Dinis, de seu nome de baptismo Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871), é mais do que justa. Autor de romances célebres, dos mais lidos da literatura portuguesa, bem compreendidos pelo povo, figura com propriedade na toponímia da Gafanha da Nazaré. E se soubermos que o romancista andou pela nossa terra e dela falou em termos encomiásticos, então mais naturalmente aceitaremos a razão por que o seu nome é lembrado a toda a hora pelo nosso povo e por quem nos visita.
A Rua Júlio Dinis começa, podemos dizer, junto ao café Palmeira, quando se sai da Av. José Estêvão para o lado sul, serpenteando a Marinha Velha, até encontrar a Rua António Sardinha. Atravessa uma significativa parte daquele lugar da nossa terra, cujo nome herdou de uma velha marinha de sal que por ali existiu.
Identificada a rua, que tem à vista o Porto de Pesca Costeira e a ponte que liga às praias da Barra e da Costa Nova, vamos então voltar ao nosso homenageado, autor de romances que nos encantaram na nossa adolescência. A Morgadinha dos Canaviais, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Uma Família Inglesa, As Pupilas do Senhor Reitor e Serões da Província, entre outros escritos, mostram-nos uma alma pura e simples, ávida de felicidade.
Como médico que era, facilmente sentiu que a tuberculose pulmonar o minava, condenando-o a uma morte prematura. Procura saúde em ares diferentes, mais sadios, e também esteve na Gafanha. Em 28 de Setembro de 1864, escreveu ao seu amigo Custódio Passos, de Aveiro, como se lê em Cartas e Esboços Literários. E diz: “Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali. Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.” Depois, acrescenta, como que a querer dar-nos uma lição: “Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.”

Fernando Martins

Este blogue ficará disponível para consulta

Por razões compreensíveis e próprias da minha idade, este meu blogue vai continuar disponível para consulta, mas não será atualizado. Contin...