sábado, 14 de novembro de 2015

Comunidade da Chave e o gosto de servir

Deolinda Costa Ramos, 
uma responsável pela Igreja da Chave


Deolinda Costa Ramos, casada com Carlos Alberto Ramos, duas filhas e uma neta, é uma dedicada colaboradora da Igreja na Gafanha da Nazaré, mais concretamente na comunidade da Chave, assumindo tarefas com responsabilidade. 
Veio em menina para a nossa terra depois de concluir a 4.ª classe em Antime, Fafe, e quando chegou entrou no mundo laboral, numa época em que não se contestava o trabalho infantil. Radicada na Chave, ali sempre a conhecemos como pessoa disponível e atenta à vida da Igreja e suas necessidades, nunca virando a cara às tarefas que importa fazer, sempre com um sorriso no rosto.
Deolinda não aceita protagonismos, lembrando constantemente, durante a conversa que mantivemos com ela, que faz parte de um grupo em que a entreajuda é a mola-real da comunidade católica.
Sublinha que há três grupos com a tarefa de cuidar da limpeza, asseio e ornamentação do templo, sendo ela apenas a responsável por um deles. Mas na preparação para a Eucaristia, todos os sábados às 17 horas, a Deolinda escolhe os cânticos adequados aos tempos litúrgicos, dirigindo o pequeno grupo coral com o Manuel Serafim ao órgão. E disse que antes da missa há a reza do terço, pelo que tem de abrir a porta da igreja às 16 horas.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Forte Novo ou Castelo da Gafanha

 Um pouco de história

Forte Novo

Temos da convir que um qualquer motivo de interesse turístico ganha ou perde conforme o concelho a que pertence ou não pertence. Assim acontece com o Forte da Barra de Aveiro, localizado na ilha da Mó do Meio, Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, considerado imóvel de interesse público pelo Decreto - Lei n.º 735/74 de 21 de Dezembro, e muito esquecido dos roteiros postos à disposição de quantos visitam esta encantadora região. Integrado num outro enquadramento turístico, talvez fosse mais lembrado pelos que têm responsabilidades no sector. É certo que o estado de algum abandono a que foi votado muito tem contribuído para que dali se desviem os mais sensíveis a tudo quanto de algum modo faça recordar o nosso passado, muito embora se reconheça que o Forte da Barra não terá sido grande baluarte de defesa da foz do Vouga e desta zona ribeirinha.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Ponte da Cambeia

Um pouco das suas estórias
A minha família 

A Ponte da Cambeia era, na minha infância, o centro de muita vida. Ali esperávamos os barcos mercantéis que traziam, das feiras de Aveiro e da Vista Alegre, as mercadorias adquiridas pelos gafanhões. Eram entregues ao barqueiro, com sinais identificativos, e na hora combinada, conforme a maré, eram esperadas pelos seus donos. Nesta ponte e noutros locais das Gafanhas. Quando havia atraso, os barqueiros deixavam-nas ali mesmo, na certeza de que não haveria ladrões. Cheguei a ver porquitos de patas atadas para não fugirem.
Na ponte, pudemos assistir a manobras arriscadas, em dias de temporal, com os homens do leme a orientarem as embarcações, com rigor, velas arriadas, para passarem sem perigo. Nadava-se, conversava-se, atiravam-se piadas aos barqueiros, com perguntas ingénuas e algumas vezes maldosas: «Quem é o macaco que vai ao leme?»
Recordo-me bem da pesca do safio e do polvo. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se na toca onde se refugiavam e esperava-se que atacassem o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que eles oferecia enorme resistência.
Com estas lembranças, como não hei de ter pena de a Ponte da Cambeia ter morrido sem glória?
Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se parecesse. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Uma visita ao Lar Nossa Senhora da Nazaré

Ermelinda Garcez e Adelaide Calado 
são exemplo para todos nós

Ermelinda, Adelaide e Fernando Martins
Ermelinda Garcez e Adelaide Calado participaram e animaram a Eucaristia na sexta-feira, 25 de setembro, dia em que visitámos o Lar. Vimos como cantavam, como liam os textos sagrados e como distribuíam água aos participantes idosos ou doentes depois da comunhão, «porque alguns têm dificuldade em engolir a hóstia consagrada», disseram-nos. Depois encaminharam os utentes para as salas de convívio e respondiam às suas questões ou desejos, com palavras ternas para todos.
A celebração foi presidida pelo Padre João Sarrico, atual capelão do Lar Nossa Senhora da Nazaré e vigário paroquial das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. Depois da missa, foi distribuir a comunhão aos acamados e no final confidenciou-nos que gosta do trabalho que aceitou fazer, tal como gosta de estar e falar com as pessoas. «Toda a vida fui pároco», disse. E acrescentou que, com esta missão, «acaba por dar o seu próprio testemunho», reconhecendo que há utentes mais novos do que ele, embora doentes ou incapacitados.

domingo, 11 de outubro de 2015

Gafanha da Nazaré: Rua Júlio Dinis

Um primo do escritor tinha na GAFANHA 
uma elegante propriedade rural 

A homenagem ao escritor Júlio Dinis, de seu nome de baptismo Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871), é mais do que justa. Autor de romances célebres, dos mais lidos da literatura portuguesa, bem compreendidos pelo povo, figura com propriedade na toponímia da Gafanha da Nazaré. E se soubermos que o romancista andou pela nossa terra e dela falou em termos encomiásticos, então mais naturalmente aceitaremos a razão por que o seu nome é lembrado a toda a hora pelo nosso povo e por quem nos visita. 
A Rua Júlio Dinis começa, podemos dizer, junto ao café Palmeira, quando se sai da Av. José Estêvão para o lado sul, serpenteando a Marinha Velha, até encontrar a Rua António Sardinha. Atravessa uma significativa parte daquele lugar da nossa terra, cujo nome herdou de uma velha marinha de sal que por ali existiu. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

D. António Marcelino e a comunicação social regional

Um homem inquieto e determinado,  
participativo e voluntarioso



«Convicto da importância dos meios de comunicação social na ação pastoral, propus-me entrar no "Correio do Vouga" e estabelecer com os leitores um encontro semanal. O jornal é um púlpito privilegiado. O bispo não pode esquecer nem dispensar esta tribuna. Do interesse concreto deste encontro, dirão os leitores.»

Com estas palavras, iniciou D. António Marcelino a sua colaboração no semanário diocesano em 13 de março de 1981, na qualidade de Bispo Coadjutor de D. Manuel de Almeida Trindade. Entrou na Diocese de Aveiro em 1 de fevereiro do mesmo ano, depois de ter sido Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa. Com a resignação de D. Manuel, passa a Bispo Residencial em 20 de janeiro de 1988. Agora, como Bispo Emérito, vai continuar entre nós, porque se sente aveirense de pleno direito, identificando-se com as alegrias e tristezas, sonhos e projetos da vida destas gentes do mar, ria e serra.
Um quarto de século depois da sua chegada à cidade dos canais, o observador atento não pode deixar de registar que foi altamente positiva aquela decisão do então Bispo Coadjutor. Desde essa altura, os seus escritos foram esperados semana a semana com curiosidade e com interesse. Com curiosidade, para se saber que temas iriam ser abordados; com interesse, por se pressentir que em todos haveria algo a aprender ou a refletir, sobre o quotidiano do povo e das comunidades.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Carros de bois puxados por homens

Construção da igreja matriz 
da Gafanha da Nazaré

«A capela que servia toda a Gafanha e que se situava no lugar da Chave era muito pequena pois tinha somente uns 20 metros de comprimento por oito de largura. Muito antes das missas já ela se encontrava repleta e o senhor prior, algumas vezes, tinha dificuldades em passar para abrir a porta.
O povo da Marinha Velha era o mais sacrificado pois, no inverno, tinha de passar maus caminhos. Mas posso dizer-lhe que o temporal não impedia que todos comparecessem. O povo de há 50 anos [com referência ao ano da entrevista] cumpria escrupulosamente os seus deveres religiosos e ainda me lembro de ver homens a caminho da igreja, descalços, de calças arregaçadas e de gabão pelos ombros.
Foi na Marinha Velha que nasceu a ideia da nova igreja e lá se formou a comissão que ficou assim constituída: António Ribau, Manuel Joaquim Ribau, Manuel José Ribau, João Maria Casqueira, João Pata Novo e António Pata. O terreno foi oferecido pelos senhores António Ribau e João Maria Casqueira.

Meninas na Praia da Barra

Foto de meninas na Praia da Barra em 1958. Não imagino a estação do ano. Talvez nos  princípios  do Verão. Estariam  de passagem? Sei que er...