quarta-feira, 2 de novembro de 2016

João Álvaro Ramos — Organista há 50 anos

A Gafanha da Nazaré está cheia 
de muitos e bons músicos
À espera da hora de encher a igreja de melodias

Na hora de tocar

No momento do café
João Álvaro Teixeira da Rocha Ramos, 65 anos, casado com Maria Ondina, tem dois filhos e dois netos, é engenheiro eletrotécnico aposentado e organista há 50 anos, fundamentalmente na paróquia da Gafanha da Nazaré.
Começou muito cedo a gostar da música. Acompanhava regularmente sua mãe e tias, respetivamente, Dona Vitória, Menina Aurélia (como era tratada com carinho) e Dona Maria, as conhecidas Caçoilas, ao terço e à missa. Eram pessoas muito devotas e sempre participavam nos grupos corais.
Quando terminou o Ensino Primário, o João Ramos ingressou no seminário, tendo frequentado as aulas em Calvão e em Aveiro, durante quatro anos. Aí recebeu lições de música dos padres Redondo, Arménio e Valdemar, mas foram os dois primeiros os que mais o marcaram. O padre Redondo, porém, foi o mais importante até porque era organista nas missas solenes, em latim, que se celebravam na igreja matriz da Gafanha da Nazaré, cujo coral era ensaiado e dirigido pelo mestre Manuel Maria da Rocha Fernandes Júnior — o senhor Rocha.
Aprendeu solfejo e começou a tocar por música, mas com o decorrer dos anos reconhece que tem bom ouvido para não precisar da pauta. Tantos anos a tocar deram-lhe esse dom de se sentar ao órgão e começar logo, afinado, nos tons precisos, para os corais, por esta forma, louvarem a Deus com lindíssimas melodias.
Evoca, decerto com saudades, algumas pessoas de quem foi mais próximo nesta sua colaboração na paróquia. Para além do padre Redondo e do senhor Rocha, a sua mãe e tias, as Crisantas (duas irmãs), A Dona Arminda Ribau, a Dona Arminda Gandarinho e o senhor José Elviro, com voz de baixo, entre muitos outros. Recorda os Tríduos e festas com missas cantadas, sublinhando o empenho de todos os participantes.
O João Ramos, com tantos anos de organista, praticamente só precisa do treino próprio dos ensaios para acertar os cânticos, que o resto já ele sabe de cor. Mas não se julgue que ele somente tocou e toca órgão na igreja matriz, pois já colaborou com os corais da Sé de Aveiro e da igreja da Chave.
Sobre os músicos que mais aprecia, o João Álvaro Ramos diz que gosta muito de Mozart, mas a sua preferência vai fundamentalmente para Bach. «A música de Bach é a que mais nos aproxima do divino; a música traduz sentimentos sobrenaturais, enquanto nos eleva; Bach atingiu o expoente mais elevado.» E quanto a organistas, realça: «o que mais gosto de ouvir tocar Bach, neste momento, é o alemão Hans Andre Stamm; passo horas a ouvi-lo em casa».
Sublinha que a música faz parte da sua vida, «ora como executante, ora como ouvinte». Reforça a ideia da importância das artes musicais, dizendo que «a vida é música», e acrescenta: «A música é a arte de produzir sons agradáveis ao ouvido, mas há por aí tanta desagradável...»
Garante que é necessário ter uma certa inclinação para executar qualquer instrumento, mas adianta que é preciso treinar muito. «É fundamental a prática diária de várias horas e ter um certo dom, mas 99 por cento é suor.» E diz que «a mesma música tocada em dias diferentes para públicos diferentes também é diferente, conforme a inspiração do executante na altura».
João Álvaro sublinha que a Gafanha da Nazaré está cheia de muitos e bons músicos e diz que no coral em que é organista há a preocupação de respeitar as normas litúrgicas.
Não se julgue, porém, que o João Álvaro Ramos ficou apenas pela música litúrgica. Não, ele teve e ainda tem uma vida cheia de música. Participou em grupos que atuaram na Mini-Feira Popular organizada pelo Padre Miguel Lencastre, na década de 70 do século passado, com o sentido de aproximar os paroquianos dos diversos lugares. Foi um dos fundadores do grupo “Pop-Men” nos anos de 1966/67, atuou numa Tuna na Gafanha da Nazaré que «morreu ao nascer», e presentemente faz parte no grupo de Fados de Coimbra, onde pontificam, para além do João, os irmãos Serafins (José Maria e Manuel) e o Rogério Fernandes, entre outros. Uns saem por motivos pessoais enquanto entram outros, sobretudo para cantar.
Enquanto professor, o João Álvaro, que passou por Albergaria, Estarreja, Gafanha, Aveiro e Vila Pouca de Aguiar, fez questão de se envolver na música. E sobre os seus antepassados, diz que o seu avô Ramos tocava flauta, instrumento que ainda conserva em sua casa com muito carinho, havendo também músicos do lado dos Teixeiras. E em casa, com os seus irmãos, quando eram mais novos, até tocavam jazz.
Gosta do cavaquinho e com amigos (Manuel Correia e Eneida, Odete, Lisete, Custódia, João Roque e esposa), em bons convívios, tocam «umas cavacadas».
Fernando Martins

Nota: Entrevista para o jornal Timoneiro

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Filarmónica Gafanhense em festa

Filarmónica Gafanhense aposta num ciclo novo 
nas celebrações dos 180 anos da sua existência


Paulo Miranda

Banda na festa da Senhora dos Navegantes
Música Velha na Festa da Senhora dos Navegantes
Jovens executantes
As direções das duas instituições da Gafanha da Nazaré vocacionadas para o ensino da música, concretamente a Filarmónica Gafanhense e a Escola de Música Gafanhense, decidiram, de comum acordo, juntar-se, predominando o nome da primeira, que perfaz, no próximo dia 23 de outubro, 180 anos de existência. Nesse dia, a Filarmónica apresentará, num concerto a realizar no Centro Cultural, o novo fardamento que importará em 15 mil euros. Estas informações foram-nos reveladas pelo presidente da direção da Música Velha, como também é conhecida a Filarmónica Gafanhense, Paulo Miranda, que pretende imprimir à banda um novo ciclo.
Paulo Miranda considera a Casa da Música, em reconstrução e adaptação pela Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), uma mais-valia para a banda, já que o novo espaço oferecerá melhores condições para o ensaio da filarmónica e para o ensino da música e execução dos diversos instrumentos, não faltando salas para os arquivos e exposição do espólio da instituição, incluindo a sua história, recortes de jornais e outra literatura alusiva à filarmónica, bem como velhos instrumentos musicais, fardas de outras épocas e tudo o que ainda possa vir a ser recolhido.
O presidente da associação mais antiga do nosso concelho revelou ao “Timoneiro” que, quanto a concertos e participação em festas, «o ano está bem preenchido», com saídas sobretudo aos fins de semana, em especial para o Norte do país, região «mais católica de Portugal». Sendo conhecido que nas festas populares os mordomos se voltam mais para os conjuntos musicais, a verdade é que, nas procissões e missas, as bandas continuam presentes, havendo concertos em alguns casos. 
Paulo Miranda adiantou que os contratos com as mordomias ficam marcados, em várias situações, com um ano de antecedência, como aconteceu recentemente. A Filarmónica Gafanhense, que atuou na Festa de Nossa Senhora do Carmo, em Aveiro, já registou, na sua agenda, a participação nas festas do próximo ano.
O orçamento anual da Música Velha ronda os 50 mil euros, o que leva a direção a desenvolver ações no sentido de angariar fundos para poder pagar ao maestro, Paulo Margaça, professor no conservatório, aos professores e a músicos, mas também para poder adquirir instrumentos para os executantes, já que a renovação é uma constante. Os instrumentos são caros, rondando os dois, três ou quatro mil euros, ou mais, conforme a qualidade dos mesmos.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

À CONVERSA COM JOSÉ VARETA

Os estaleiros deram outra vida 
e outra alma à Gafanha da Nazaré


José Vareta
José Vareta com um foquim
Alguns trabalhos
Conversar com um idoso é ler um livro carregado de vivências, histórias, pessoas, experiências e testemunhos de tempos idos. Daí o nosso gosto por encontros marcados ou fortuitos com pessoas menos jovens que ocupam os dias com atividades sadias, longe do bulício abafado que a sociedade por vezes nos oferece.

Um dia destes fomos ao encontro de José Vareta, 85 anos, carpinteiro naval, um dos raros sobreviventes da geração da construção de navios de madeira. Trabalhou desde os 15 anos nos estaleiros do Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, porventura o mais conhecido construtor naval de lugres e outros barcos de madeira do nosso país. 
Dos estaleiros Mónica saíram navios que marcaram gerações pela harmonia das suas linhas e enquadramento das suas velas. Mas para José Vareta, o navio que mais o encantou foi, sem sombra de dúvidas, o “Celeste Maria”, «um barco muito lindo, muito lindo, muito bem lançado», curiosamente saído da arte de mestre Benjamim Mónica, irmão do mestre Manuel Maria. Aliás, o próprio Mestre Manuel Maria considerava o seu irmão Benjamim muito mais artista do que ele.
José Vareta fala do Mestre Mónica e do estaleiro, que o herdou de seu pai, também construtor naval, sublinhando que este estaleiro «deu outra vida e outra alma à Gafanha da Nazaré», empregando muita gente, o que contribuiu para o desenvolvimento da nossa terra a vários níveis.
Naquele tempo, «a Gafanha sem estaleiros não era nada», disse. Evocou outros estaleiros de outros tantos mestres que entretanto se foram estabelecendo à volta uns dos outros.
Recorda artistas do seu tempo, reconhecendo que, presentemente, tudo está mais simplificado com novas ferramentas, que poupam muita mão de obra. E fala dos serradores oriundos da Tocha, onde se usava bastante a «serra braçal, com um serrador em cima do tronco e outro em baixo», trabalhando sincronizados e sem saírem dos traços previamente definidos.
O nosso entrevistado foi debitando memórias, fazendo um retrato da vida de há décadas. Referiu que os pinheiros, escolhidos a dedo pelo mestre, conforme o que deles se pretendia, chegaram a vir da zona da Guarda.
Depois de reformado, aos 65 anos, ainda continuou a trabalhar até aos 70 anos. Fez parte do grupo que construiu o navio que está no Museu Marítimo de Ílhavo, chamado “Faina Maior”, sob a direção do capitão Francisco Marques, que foi diretor do museu ilhavense. Trata-se de um navio com as dimensões normais para a pesca à linha, nos botes. «O barco teve de ser feito no sítio próprio porque não cabia pelas portas do museu», sublinhou José Vareta. 
Finalmente fixa-se em casa e para passar o tempo dedica-se à construção de miniaturas de barcos e outros apetrechos de madeira. Recusa liminarmente sentar-se num qualquer banco sem nada fazer, referindo que, quando está a trabalhar, vai recordando a sua vida profissional que lhe deu muitas alegrias. Diz que não podemos parar e que «devemos ocupar o tempo livre de forma saudável, fazendo coisas úteis que nos façam reviver». E evocou com saudade o capitão Francisco Marques, «um homem com muitos conhecimentos, muito saber e muito simples».

Fernando Martins

sábado, 9 de julho de 2016

Alda Casqueira Fernandes em entrevista ao Timoneiro

“Canta Comigo, Leio Contigo” 
levou histórias e música 
a três mil crianças durante o presente ano letivo 

Alda - A artista
Alda - Apresentação do projeto
Alda - Encontro com marina à vista
Alda com a filha Alice
Alda connosco 
Quando desembarquei do avião que me levou até S. Miguel, Açores, ocorreu-me a ideia de entrevistar um conterrâneo nosso ali radicado, desde que tivesse uma história de vida interessante para partilhar com os leitores do Timoneiro. Mal as redes do ciberespaço denunciaram a nossa estada em Ponta Delgada, logo surgiu, com toda a naturalidade, a Alda Casqueira Fernandes, Educadora de Infância, casada com um transmontano, uma filha e residente em S. Miguel desde 2001. Aprazado o encontro para uma esplanada, com vista para a Marina, a Alda surgiu sorridente e notoriamente satisfeita para uma conversa com “gente da nossa terra”, que “soube a pouco”, no dizer dela.

«Vivo em São Miguel, desde setembro de 2001, fará no dia 27 de setembro 15 anos que aterrei aqui pela primeira vez. Foi também a primeira vez que andei de avião e fi-lo logo após o fatídico 11 de setembro, o que tornou esta minha experiência marcante, pois quem me levou ao aeroporto não me pôde acompanhar até ao embarque», disse. E acrescentou que não foi difícil a adaptação, pois foi acolhida por colegas e amigas de curso, nomeadamente, uma da Gafanha da Nazaré e outra de Fermentelos. «O ambiente escolar era agradável e fui muito bem recebida. O que me custou mais foi abandonar a família e a minha vida das canções. Foram esses os motivos que mais me prenderam e me impediram de vir para cá, mal terminei o meu curso. Mas alguma vez tinha de ser», afirmou.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A excursão

Um texto de Joaquim Duarte 


São decorridos uns bons 30 [60] anos, a passar, desde que se fez aquela excursão ao Sul, organizada pelo Mestre Rocha, figura ímpar da Gafanha, homem de acção, e a quem se deveu, pode dizer-se, o primeiro estudo aéreo fotográfico da Gafanha da Nazaré! Tratando-se, embora, de um homem de reduzidas habilitações literárias, soube valorizar-se à custa de grande esforço. Na sua humildade, mas de personalidade bem vincada, dominou muitos anos a política local, desempenhando a preceito o papel de presidente da Junta de Freguesia. Na Aviação, em S. Jacinto, soube guindar-se pelo seu aprumo e saber — era um excelente artífice — até chegar ao posto de Mestre entre o pessoal civil que, ao longo de várias décadas, tem dado o melhor do seu esforço, primeiro no Ministério da Marinha e depois, como actualmente, à Força Aérea. 
O Mestre Rocha, para além disto tudo, e daquilo que fica por mencionar, era ainda um excelente organizador, como provou na excursão que fizemos, e eu também tive oportunidade de seguir viagem ­— integrado à última hora por falta de confirmação de uns tantos.
A fotografia que ilustra o texto mostra algumas figuras da Gafanha, umas ao serviço da Aviação e outras que se integraram talvez pelas mesmas razões a substituir os faltosos…
Alguns nomes citados ao acaso, e sem preocupação de prioridade, poderão ajudar o provável leitor a descobrir na foto, esvaída pelo tempo, algumas dessas figuras. O Merendeiro, de cócoras ao meio, o Catraio, pintor, as manas Caleiro, o Cirino, cunhado do Júlio de Aveiro, que se encontra nos Estados Unidos, o Batista, pintor, muito da casa do Dr. Ribau, ao lado da mulher, o João, alfaiate, que morava lá para os lados da Cale da Vila, o autor destas linhas [Joaquim Duarte] metido entre o Batista e o João Pinto Reis, recentemente falecido. Penso que a foto foi tirada pelo então sargento Pinheiro, como se pode avaliar pela presença da esposa. Outros ainda como o João, fundidor, que vive em Aradas, o Carvalho latoeiro, as consortes …
Julgo que a fotografia foi tirada em Colares e falta aqui o Professor Ramos, que também ia na excursão e quase nos fez perder tempo no cumprimento do horário — o Mestre Rocha era compreensivo — quando o Senhor Professor ficou estático a admirar as ruínas de Conímbriga e nada fazia retirá-lo da posição de postura, sonhando talvez, com a ida e vinda dos romanos pelas galerias a descoberto!
Tempos que foram e jamais voltam, mas que marcam um período, uma época, de desenvolvimento da Gafanha…

Joaquim Duarte

Nota: Texto e foto publicados no “Boletim Cultural” da Gafanha da Nazaré, n.º 3, com data de 1989.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Hortência Margaça aposta no mundo infantil


Hortência Margaça, artesã da Gafanha da Nazaré, aposta no mundo infantil, seja para uso de crianças, seja para brincar ou decorar. Trabalha imenso, porque precisa de governar a vida. Não é pessoa acomodada. Um dia encheu-se de coragem e resolveu enfrentar as dificuldades que lhe surgiram no caminho. O artesanato criativo foi a sua opção.
Encontrámos a Hortência, mais conhecida por Batita entre familiares e amigos, numa exposição-feira de artesanato no Glicínias, em Aveiro, em hora de atendimento de clientes, que passaram, viram, pararam e compraram. Depois falámos com ela e compreendemos o seu entusiasmo pelo que faz e pelo que projeta fazer. Não revelou as suas ideias na íntegra. Contudo, percebemos que vai apostar em criações didáticas. O resto será segredo, por enquanto.
A Hortência começou a bordar aos seis anos e a seguir enfrentou desafios maiores, passando por pontos e mais pontos de costura, Arraiolos e a confeção de bonecas de todos os tamanhos e feitios, mas também para todos os gostos e preços. E de tal modo se tornou conhecida e apreciada nesta área, como em outras, que a Editorial Nascimento até a convidou para fazer uma edição de costura criativa, intitulada “Costura Bonecas 2”, na qual apresentou diversos modelos e moldes, com tudo exemplificado, passo a passo. Em março saiu outra revista, “Feltro”, com artes decorativas. Ambas completamente preenchidas com as suas criações.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Carlos Sarabando: O homem não pode ser uma ilha na sociedade

Carlos Sarabando Bola
Carlos Sarabando Bola, 76 anos, casado com Maria Madalena Gonçalves Anastácio, a sua Lena, dois filhos e netos, foi agraciado pela Câmara Municipal de Ílhavo no Dia do Município, segunda-feira da Páscoa, com uma condecoração honorífica — Medalha do Concelho em Vermeil —, por se dedicar «desde muito novo ao voluntariado, dando o melhor de si na construção de um Município sólido e próspero, através da sua participação ativa em várias associações culturais, sociais, desportivas e religiosas, em que foi dirigente, sempre com o espírito de serviço à comunidade e inquestionável amor à causa», como reza a nota lida na cerimónia camarária.
«O mérito que me foi atribuído pela CMI não é só meu porque devo muito à minha mulher, a Lena, que me acompanha na vida com o seu apoio; quantas vezes, quando eu estava desanimado e com vontade de sair de tantas ocupações, era ela que me estimulava a continuar, dando-me uma força especial para eu prosseguir», garante-nos o Carlos Sarabando.

Meninas na Praia da Barra

Foto de meninas na Praia da Barra em 1958. Não imagino a estação do ano. Talvez nos  princípios  do Verão. Estariam  de passagem? Sei que er...